O trecho baiano da Estrada Real é uma nova aposta para o desenvolvimento do turismo no interior da Bahia e região. Os 22 quilômetros da estrada histórica entre os municípios de Rio de Contas e Livramento de Nossa Senhora foram tema central de audiência pública na CTD (Comissão de Turismo e Desporto) da Câmara dos Deputados, realizada nesta quarta-feira, em Brasília.
O debate contou com a presença do Secretário Estadual de Turismo da Bahia, Domingos Leonelli, do diretor do Instituto Estrada Real, Baques Sanna, do representante do Ministério do Turismo, Ítalo de Oliveira Mendes e de Pedro Galvão, presidente da Abav/BA, além dos parlamentares da comissão.
Para Leonelli, a Bahia está atrasada em relação ao aproveitamento da estrada para fins turísticos e a intenção do Governo local é acender a discussão e receber contribuições de variadas frentes para o desenvolvimento do turismo na região por meio da revitalização do trecho e incremento da infraestrutura e rede hoteleira locais.
“O parque hoteleiro tem 10 mil leitos e não atende a ativação dessa nova rota. Esse produto turístico atenderia aos três eixos de atuação da secretaria que são: inovação de produtos, qualificação de destinos e serviços e integração econômica.
A ideia do projeto é transformar o trecho da estrada que era utilizado por escravos, mercadores e mineradores em atrativo turístico, aumentar o número de visitantes na região e melhorar a infraestrutura local, além de resgatar a história dessa importante estrada da época da colonização.
Segundo Leonelli, o turista poderá vivenciar novas experiências e ter acesso ao caminho utilizado nos séculos 17 e 18 e a variados atrativos, como cachoeiras, serras que cortam o caminho até a Chapada Diamantina. “Vamos agregar valor aos atrativos naturais com a Estrada Real da Bahia”, defende.
O Ministério do Turismo tem interesse e apoiará o projeto de aproveitamento da Estrada Real da Bahia no turismo. É o que garante o representante da pasta na audiência, Ítalo de Oliveira Mendes. De acordo com ele, o projeto segue a linha estratégica do MTur.
“Algumas de nossas preocupações são a diversificação da oferta, agregar novos destinos e criar oportunidade de desenvolvimento para regiões. A ideia é levar o desenvolvimento do turismo para o interior do Brasil e é importante que municípios trabalhem juntos para potencializar atrativos e a atividade turística”, explicou ao Jornal de Turismo.
O MTur já investe na Estrada Real que passa por Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro e, segundo Mendes, pretende investir no trecho baiano. “Até o momento, não existem recursos da pasta para esse produto específico, mas trabalharemos juntos. Há interesse do MTur em ajudar e participar desse projeto importante, que passa por Parques Nacionais e dispõe de um conjunto histórico e arquitetônico forte”, afirma.
O trecho baiano da Estrada Real tem 22 quilômetros de extensão e está localizado no sul do estado entre os municípios de Rio de Contas e Livramento de Nossa Senhora, passando por outras cidades como Abaíra e Mucugê e chegando até a Chapada Diamantina. O caminho não era autorizado pela corte portuguesa e era mais utilizado alternativamente por escravos, mercadores e contrabandistas de ouro e diamantes, que utilizavam a estrada para fugirem dos tributos.