“Certas canções que ouço/ Cabem tão dentro de mim/ Que perguntar carece/ Como não fui eu que fiz.” (Milton Nascimento).
Há aquela canção que nos leva para pertinho de Deus! Há aquela que nos faz sonhar, a que nos lembra o primeiro, primeiro beijo. A que nos faz sorrir, a que faz chorar... e a que nos traz saudades, lembranças!
Hoje ouvi “O Milionário”. Os Incríveis... E veio-me à lembrança nossos bailes do Baraúna. Os Tártaros com seu uniforme de gala tocavam no palco e nós dançávamos felizes. Mesas circundavam o salão. A pista de dança, redonda, cheia de casais risonhos e felizes. E os acordes enchiam nossos ouvidos e corações, trazendo a vontade de viver, de ser feliz, de sonhar e abraçar o mundo! A cada música, um sonho nascia. A cada passo, uma sensação nova. Mudava o ritmo, mudava o par, mas a alegria era a mesma. Estávamos vivendo, crescendo, mas ainda éramos as garotas e garotos daquela terra encantada!
Nossa idade era a idade da juventude. Nosso jeito era o jeito dos nossos ideais. Nossa dança era festiva e nos fazia felizes e risonhos. Ali passávamos a noite. Bailando na pista, batendo papo nas mesas, bebendo alguma coisa, compartilhando a vida com os amigos e a família!
Namorando ou não, dançávamos com quem queríamos ou nos buscava. Rodopiávamos no salão com a garra dos jovens sadios, sem medos e sem preocupações. Sentíamo-nos seguros ali. Era o nosso mundo e tínhamos certeza que estávamos protegidos, amparados e ate vigiados! Mas era uma vigilância que transpirava amor e cuidados. Nossos pais e irmãos estavam por perto. E família... Ah! Família é aconchego e nosso chão.
“O que foi felicidade me mata agora de saudade! Velhos tempos, belos dias!” Canta o rei Roberto Carlos e a saudade aumenta. E eu sorrio ao volante do carro que rasteja lentamente no engarrafamento da cidade onde moro. Um sorriso consciente de que vivi e fui muito feliz! De que vivo e sou muito feliz. A certeza de que aprendi cá fora o que a adolescência e início de juventude não puderam me ensinar em Caetité. A verdade é que cresci e assimilei novos hábitos e amores, nova forma de enxergar os horizontes. Perdi a pureza da menina do interior e adquiri a malícia da mulher cidadã do mundo.
Mas, lá no fundo do meu coração e da minha mente, ainda existe muito daquela garota. Lá ainda se encontra a menina tímida e medrosa que falava pouco e pensava muito. A amante das poesias que sonhava ver seu nome em letras de forma na capa de um livro. A garota mimada que sonhava com um mundo melhor para todos.
E as músicas continuam tocando e trazendo momentos de um ontem que se foi depressa demais. De pessoas que já tomaram o trem de volta à pátria original e das que continuam conosco pelos caminhos da vida. E cada palavra, cada verso, cada acorde, despertam em mim a lembrança e a certeza de que sempre valeu a pena! Tudo valeu a pena! E que aquilo que vivemos forjou em nós os amigos que somos hoje!
Luzmar Oliveira – [email protected] – WhatsApp: 71 – 99503115 e 87247161.
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