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24.04.2012 - 11h01 Por Samuel Celestino - BN
 
Coluna A Tarde: A Bahia diante do flagelo
 
 
Coluna A Tarde: A Bahia diante do flagelo
Samuel Celestino - Foto: BN
 

Aproximadamente 60% do território baiano é ocupado pela inóspita região do semiárido. Justo o “miolo” do Estado. É basicamente esta região que arde ao sol escaldante na maior seca dos últimos 30 anos. Espera-se que a situação não se expanda para uma tragédia de proporções, o que provavelmente acontecerá se as chuvas não acontecerem. A época delas passou: vai de novembro a março. Já as consequências invadirão 2013 e 2014. Está desenhada, assim posto, uma situação de extrema gravidade para a população de (por ora) 206 municípios; para o governo – com forte reflexo na economia estadual – e para a população do semiárido que, em boa parte, está abaixo da linha da pobreza absoluta.

Trata-se, evidentemente, de um fenômeno climático, mas poderá, como consequência, também atingir politicamente o governo Wagner, que demorou em perceber a gravidade do que se desenhava. Justo em ano eleitoral. Esse é o mínimo, porém, porque, em primeiro, está a população sofrida do semiárido que, para adensar a tintura da tragédia, estranhamente em boa parte não se concentra em centros urbanos, mas, sim, se espalha pelas terras esturricadas onde dificilmente é alcançada.

Dos estados brasileiros, a Bahia desponta como o maior contingente populacional esparso. Algo em torno de 4,5 milhões de pessoas. Ontem, Dilma Rousseff se reuniu em Aracaju com os governadores nordestinos. Esperam-se medidas urgentes e emergenciais, sobretudo para a Bahia, unidade mais atingida pelo flagelo que projeta desolação. Segundo o Engo. Manoel Bonfim, especialista na questão, não se combate a seca quando ela se instala e, sim, com planificação e obras que a ela antecedem.

Um exemplo claro da falta de percepção do governo estadual sobre o braseiro que ameaça o semiárido foi a estranha e absurda publicação no Diário Oficial, há poucos dias, de um comunicado aos municípios do recebimento de projetos para apoio aos festejos juninos (Santo Antônio, São João e São Pedro). Pretende-se selecionar 110 projetos. Trata-se da divulgação de um edital da Secretaria de Turismo (que faz parceria com a Secretaria de Cultura) objetivando atrair turistas para os festejos (?) no interior da Bahia. A festa será organizada pela Bahiatursa e o prazo para a apresentação dos projetos pelos interessados se estende até o dia 27 próximo.

Aí está um exemplo de desdita administrativa. Há quem o defenda. O que quer o governo? Atrair turistas para o sertão em brasa e ainda por cima gastar dinheiro acendendo fogueira para um solo que já queima o sertanejo? Turista para conhecer a seca que mata os animais de sede? Que seca açudes e aguadas? Que destrói a agricultura familiar (a da Bahia era ou é a maior do País)? Que transforma os rios, não perenizados, em caminhos com terras rachadas pela inclemência do tempo? Seria interessante o governo distribuir entre o seu secretariado o livro “Vidas Secas”, de Graciliano Ramos. Será possível, assim, entender melhor o que é seca e ainda, de quebra, conhecer a obra. O livro é um dos marcos da literatura e do modernismo brasileiros.

Prefiro acreditar que o edital foi elaborado no ano passado, antes da ameaça do flagelo. Como o sertão já é uma fogueira, pergunta-se se ao turista interessa conhecer a desesperada vida de quem não tem água nem comida? Ressalve-se que há medidas na administração como, por exemplo, proibir a comercialização da água que resta. Deve ser usada, exclusivamente, para o consumo humano e dos animais. Então, por que festa junina com o dinheiro que poderia ou poderá atender ao mínimo necessário à vida de quem habita o semiárido? Ainda segundo Manoel Bonfim, quando a seca se instala não há alternativa senão os caminhões-pipas. Com eles, surge a velhaca indústria da seca que troca água por voto. Já os prefeitos receberão verbas emergenciais. Poderão gastá-la como bem entenderem, sem necessidade de licitação, com contratar bandas de pagode e coisas que tais pensando no voto das eleições de outubro. Cumpre ao governo encontrar uma forma de proibir a prática. Se conseguir.

A seca, em outros tempos de comunicação difícil – é bom observar - foi uma indústria utilizada pelos políticos em busca do voto. A evolução tecnológica da comunicação será um veículo de denúncia. Sem pretensão de sugerir a quem deve saber (e o chefe da Casa Civil, Rui Costa, está antenado e preocupado com o desastre iminente) seria muito apropriado ao governo do Estado instituir uma espécie de conselho ou gabinete de crise reunindo técnicos com conhecimento de causa para pensar em medidas paliativas para minorar o desastre.

De resto, o fenômeno climático é uma questão que se sobrepõe. Não deve ser politizado porque a cobrança não está em medidas imediatas, mas preventivas, como a construção de açudes e adutoras para distribuir a água armazenada. Para finalizar, o açude Castanhão, no Ceará, acumula mais água do que todos os existentes na Bahia.

 
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